Infeções das vias respiratórias: Saiba mais.
Infeções das vias respiratórias altas
Um tratamento para cada caso
Ouvidos, nariz e garganta servem, entre outras funções, para filtrar o ar que respiramos e, também, todos os gérmenes e vírus em suspensão. Constituem a primeira barreira de proteção do organismo e é isso, precisamente, que os torna vulneráveis.
Para melhor ilustrar a grande vulnerabilidade do conjunto ouvidos-nariz-garganta, poderíamos começar por recordar aquilo que se passa com as janelas de uma casa: qualquer inclemência do tempo, uma mudança brusca de temperatura ou uma atmosfera excessivamente contaminada danificam, em primeiro lugar, as portas de entrada e as janelas; da mesma forma, aqueles órgãos são as primeiras vítimas do meio ambiente.
As infeções das vias respiratórias altas afetam os seios nasais, a faringe e a laringe e adquirem-se ao inalar ar com vírus ou bactérias em suspensão. Em muitos casos, porém, as simples afeções do nariz e da garganta têm uma origem irritativa e, inclusive, psicossomática. Muitos especialistas coincidem ao afirmarem que, numa ampla gama de casos, o stress e a falta de repouso alteram estas vias, causando incómodos que se confundem, por vezes, com a comum constipação.
Os mesmos especialistas afirmam que uma das medidas mais indicadas para combater uma constipação é ficar na cama, para que o organismo possa mais facilmente regenerar-se; pelo contrário, se se teima em ir trabalhar e “encharcar-se” em medicamentos para aliviar os sintomas, a única coisa que se consegue é alargar o estado catarral.
AS MAIS FREQUENTES
A constipação e o catarro são as perturbações contagiosas mais comuns. As crianças são as mais vulneráveis, já que o seu sistema imunológico ainda é imaturo. Até aos 4 anos, uma criança sofre, em média, cerca de quatro catarros por ano; dos 4 aos 6 anos, os pequenos podem sofrer, anualmente, seis a 10 infeções das vias respiratórias altas. Quanto aos adultos, 80% da população sofre, pelo menos, uma constipação por ano.
A perturbação mais frequente é a faringite, que costuma estar presente nas constipações e que se manifesta por uma intensa dor, a qual provoca incómodos ao engolir, rouquidão, sensação de muco espesso e, por vezes, aparecimento de gânglios na zona submaxilar. A maioria das faringites são benignas e não requerem tratamento específico. Por vezes, no entanto, uma dor de garganta pode ser indicativa de alguma outra perturbação séria, em cujo caso a automedicação, sobretudo com antibióticos, está altamente desaconselhada, pois pode esconder os sintomas e retardar o diagnóstico.
Segundo os especialistas, a faringite pode ser consequência da irritação das mucosas, que provém da secura do ar ambiente, da ingestão de bebidas frias, do excesso de contaminação e, também, do stress. Nestes casos, aconselha-se o descanso, um calmante natural - como o mel - e, em processos mais agudos, a ingestão de um analgésico e de um anti-inflamatório receitado pelo médico.
Quando os sintomas típicos da constipação se acentuam ou aparece febre, juntamente com inflamação do palato e pus nas amígdalas, trata-se, então, de uma amigdalite ou angina. Esta infeção é causada, habitualmente, por vírus ou bactérias e o seu tratamento varia segundo o caso.
Os vírus contagiam muito facilmente e preparam o terreno para que as bactérias se instalem, pois deixam o indivíduo com as defesas em baixo. Portanto, nas infeções víricas, é aconselhável ficar na cama, tomar um analgésico para aliviar os sintomas e reduzir a inflamação e esperar que o processo termine. E também tomar cuidados para não contagiar todos à nossa volta!
ANTIBIÓTICOS: SIM OU NÃO?
Quanto às infeções bacterianas, é necessário um antibiótico. De acordo com os especialistas, é difícil efetuar um diagnóstico preciso em consultas ambulatórias, já que é complicado distinguir com exatidão a origem da infeção, No entanto, é habitual prescreverem-se antibióticos, para evitar consequências maiores. Na maioria dos casos, a responsável pela inflamação das amígdalas é a bactéria estreptococo hemolítico. Esta dissemina-se por via sanguínea, a partir do foco infeccioso, podendo, assim, colonizar outros órgãos do corpo, onde gera novos focos de infeção.
Cada vez mais se verifica que as bactérias estão mais resistentes aos tratamentos. Isto deve-se, segundo os médicos, ao facto das pessoas não levarem até ao fim os tratamentos antibióticos, à automedicação e ao uso de medicamentos inadequados.
RINITE E SINUSITE
Outra das afeções mais comuns entre os adultos é a rinite, que se manifesta com abundância de espirros, secreções excessivas, dor de cabeça e, por vezes, culmina em sinusite.
A rinite pode ser de três tipos: alérgica, infecciosa ou vasomotora. Esta última não tem causa aparente. Pode ser tratada com descongestionantes, os quais, no entanto, acabam sendo nocivos a longo prazo, pelo efeito reflexo que produzem: no momento da inalação, proporcionam uma sensação de descongestionamento, mas, com o tempo, provocam a dilatação da mucosa, pelo que cada vez será necessária uma maior dose.
A sinusite, por sua vez, é uma inflamação da mucosa dos seios perinasais e pode ser aguda ou crónica. Em ambos os casos, é necessário tratamento antibiótico e, como medida preventiva, uma boa higiene nasal. Esta pode efetuar-se com soro fisiológico, aplicado com uma seringa. As soluções de água do mar, esterilizadas e isotónicas, 100% naturais, são adequadas à limpeza das fossas nasais, já que as desobstruem, respeitando a integridade da mucosa. É necessário manter uma boa higiene nasal, da mesma forma que cuidamos exaustivamente dos dentes e das gengivas, dado que essa atitude ajuda a prevenir a proliferação de muco e evita as infeções.
DORES DE OUVIDOS
O nariz está ligado ao ouvido através de um canal. O órgão mais afetado por um incorreto funcionamento do nariz é, precisamente, o ouvido. O tipo de otites depende, pois, do lugar do ouvido onde se produz a inflamação ou infeção, bem como da sua origem. As crianças, devido ao seu débil sistema imunológico, são os principais candidatos a sofrer de otites, que se caracterizam, basicamente, pela dor intensa e, por vezes, pela perda de audição. A infeção do ouvido mais diagnosticada em Pediatria é a chamada otite serosa, que mais não é do que a proliferação de mucosidades na trompa de Eustáquio.
Nos últimos anos, desenvolveram-se assinalavelmente as intervenções de implantação de drenos, que se destinam a conseguir uma evacuação fácil e contínua do muco, através de uma pequeníssima cânula, a qual é colocada no ouvido da criança. A idade mais habitual de aparecimento deste tipo de otite situa-se entre os 4 e os 6 anos. A intervenção é muito simples e a taxa de êxito muito elevada. Por outro lado, não é uma técnica agressiva, o que explica que se tenha adotado como solução rápida e eficaz.
LARINGITE AGUDA
A laringite aguda pode ser considerada como parte do processo dependente de uma infeção vírica que afeta as vias respiratórias altas e que, normalmente, denominamos por processo catarral. Caracteriza-se por rouquidão, que pode chegar a uma autêntica afonia. Pode fazer-se acompanhar por tosse, habitualmente seca, com irritação mais ou menos intensa da garganta. O diagnóstico efetua-se pela exploração, preferencialmente fibroendoscópica, das estruturas laríngeas e, entre elas, das cordas vocais, que estarão avermelhadas, inflamadas e, inclusive, edematizadas.
O tratamento mais adequado é o repouso da voz. Em determinados casos, deve administrar-se um anti-inflamatório e manter um acompanhamento médico especializado, já que alguns destes processos tendem para a cronicidade. Especial importância tem a laringite aguda nas crianças, pelos problemas respiratórios associados.
O que fazer perante uma constipação?
- Se tem febre, deve permanecer na cama e tomar um antipirético, tipo paracetamol;
- Para a dor de garganta, convém cobrir o pescoço e tomar líquidos em abundância;
- Tome um analgésico, que pode ser combinado com gargarejos de água salgada;
- Utilize lenços de papel e lave frequentemente as mãos. Ambas as medidas evitarão possíveis contágios;
- Não tome antibióticos sem prescrição médica;
- Evite mudanças bruscas de temperatura;
- Limpe as fossas nasais com soluções isotónicas ou soro fisiológico.
O que é o quê?
- Amigdalite: Inflamação das amígdalas, produzida por vírus ou bactérias.
- Faringite: Irritação da garganta. A maioria das faringites são benignas e provocam uma intensa dor, especialmente ao engolir.
- Laringite: Habitualmente, é causada por vírus. Em muitos casos, é acompanhada de rouquidão e inflamação da garganta.
- Rinite: Congestão nasal, por vezes motivada por alergias. Expressa-se com abundância de espirros e mucosidade excessiva.
- Sinusite: Inflamação da mucosa dos seios perinasais provocada por infeção.
- Otite: Pode provocar uma perda parcial de audição. A infeção mais comum deve-se à acumulação de mucosidades ou pus no ouvido médio. Ocorre com maior frequência nas crianças.